por JORGE CARVALHO DE MELLO
Filho do Capitão Pedro Luiz Rodrigues Horta e de Maria Flora Brant Horta, teve cinco irmãos: Júlia, Flavia, Maria Flora, Antônio e Pedro Luiz. Francisco Brant Horta se casou duas vezes: com Marieta Peres e, depois, Adelaide Rates, com quem teve uma filha, Iris Brant Horta. Ao longo da vida, o poeta e violonista desenvolveu várias atividades. Atuou principalmente como professor, escritor e musicista.
Iniciou a vida escolar aos 10 anos, no Colégio Providência, depois o S. Pedro (dirigido pelo pai), de 1888 a 1890. Matriculou-se em 1892 no Ginásio Barbacena e na Academia de Comércio de Juiz de Fora, de 1894 a 1896. Em 1897, cursou o Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro, tendo retornado a Juiz de Fora no mesmo ano, por motivos particulares. Ao regressar, dedicou-se principalmente ao magistério, atuando nos seguintes estabelecimentos: Externato Hermes, Ateneu de Letras, São José, Grambery e Ginásio de Minas.
Professor de Literatura
Quando se mudou novamente para o Rio, prestou concurso para a Escola Normal (depois Instituto de Educação), na qual atuou com brilhantismo até se aposentar em 1944. Durante este período, publicou livros didáticos. Nestes estabelecimentos lecionou Latim, Gramática e Literatura. Trabalhou também como jornalista, e fundou A Semana Comercial, em parceria com Luiz de Oliveira, em Juiz de Fora. Colaborou com diversos jornais, mas foi em O Pharol que contribuiu de forma mais significativa, através da publicação de poesias e críticas literárias.
Como escritor, atuou em poesias e livros didáticos. Seu grande prestígio como poeta possibilitou-lhe o acesso à Academia Mineira de Letras, da qual foi membro fundador (1909).
Mesmo com tantas atividades, Brant Horta desenvolveu grande paixão pelo violão. Muito embora não saibamos quem ou quais foram seus professores, encontramos registro de sua primeira aparição pública como violonista em 1895: “Foi verdadeiramente apreciado pelo público o concerto de violão pelo sr. Francisco Brant Horta, acompanhado pelo prof. J. Paixão. O sr. Francisco Horta, modesto como é, só ontem revelou em público a sua rara habilidade, executando naquele difícil instrumento, importantes trechos de suas composições”. (O Pharol, 3 de dezembro.)
Concertos beneficentes
Brant Horta continuou se apresentando com outros artistas locais em concertos, beneficentes em sua maioria, como o realizado em 17 de agosto de 1902, no Teatro de Juiz de Fora, em benefício de duas famílias necessitadas. Nessa ocasião executou, em duo com Cincinato Duque Bicalho, as composições: Lágrima, barcarola de sua autoria, e Carnaval de Veneza.
Em 22 de julho de 1906 participou da festa promovida pela Sociedade Beneficiente Brasileira-Alemã, realizada no Parque Weiss. No concerto em que se exibia como atração principal o Grupo Beethoven, Brant Horta executou, de sua autoria: Barcarola, Sertaneja, (valsa) e Batuque.
No ano seguinte, no salão do Hotel Rio de Janeiro, tocou no concerto do violinista Dias Albertini, interpretando as peças Sertaneja e Queixumes, de sua autoria. Em 1908, no mesmo local, participou do Concerto Barrouin, interpretando as seguintes peças de sua autoria Nocturno e Sertaneja.
Recital no Rio
Em novembro desse mesmo ano, um acontecimento mudou a trajetória do violonista e compositor Brant Horta. Assim noticiou o O Pharol, em 12 de novembro: “Acompanhado de sua esposa, seguiu Brant Horta ontem para o Rio de Janeiro, em visita à Exposição Nacional. Brant Horta dará hoje um concerto no teatro da Exposição e amanhã realizará outro concerto no Conservatório de Música”.
A apresentação carioca também rendeu nota no Jornal do Brasil: “No Theatro João Caetano da Exposição Nacional, realiza-se hoje, das 17 às 19 horas um concerto de violão em que se exibem os apreciados executores do melodioso instrumento, srs Castro Afilhado e Francisco Brant Horta. O programa é interessantíssimo e consta só de números nacionais”.
Parceria com Ernani
A partir deste evento, Brant Horta estreitou laços com alguns dos violonistas que atuavam no Rio de Janeiro, em particular com o maestro Ernani de Figueiredo, que visitaria Juiz de Fora no ano seguinte – e fez de 1909 um ano mágico para o instrumentista. Além da indicação para a Academia Mineira de Letras, na esteira do prestígio obtido com o livro de poesias Lirae Carmen, desenvolveu intensa atividade musical, iniciando com um interessante concerto na cidade de Rio Novo (Minas Gerais), em que foi a atração principal.
Depois de abrir o evento com uma palestra sobre o tema Lendas, Brant Horta executou em seguida Lucia de Lammermoor, de Donizetti (trechos) e as seguintes composições de sua autoria: Sertaneja, valsa; Barcarola, Duarte de Abreu, tangos; Marieta, polca; Noturno; Ária Italiana, de Matteo Carcasi; variações sobre Carnaval de Veneza; e Pomone, grande valsa de concerto de Waldteufel. Finalizou com outras músicas de sua autoria: Soluços, valsa de concerto; Floriano Peixoto, dobrado; Queixumes e Bumba Meu Boi.
Em 24 de abril desse ano mágico, Brant Horta participou do Concerto de Cítara dos professores Carlos Tyll e Luiz Krantz, realizado no Hotel Rio de Janeiro. Na ocasião, executou as peças Lucia de Lammermoor e Noturno. Ainda em 1909, Brant Horta escreveu matéria sobre Ernani de Figueiredo no jornal O Pharol, de 15 de outubro, e convidando os leitores para o concerto do dia 17, na Associação dos Empregados no Comercio. “Técnica admirável, presteza e segurança, dedilhação perfeita, grande recurso de efeitos, opulência de acordes unidos a muito gosto, eis os dotes que exornam as suas qualidades de concertista seguro, compositor delicado e musico consciencioso”, afirmou.
Concerto de 1916
Sem dúvida alguma, 1916 foi outro ano mágico para Brant Horta e, com certeza, o mais impactante no cenário do violão brasileiro. Um artigo publicado na seção Da Platéa, com o sugestivo título A Reabilitação do Violão (A Noite, 13 de março de 1916) mostra a importância de Brant Horta neste novo cenário:
“...Sendo o violão um instrumento tão popular, é um dos pouco conhecidos. Parece paradoxal, mas a razão é fácil de se explicar: A maioria dos que cultivam o violão, tocam-no de ouvido, não podendo tirar de suas cordas os efeitos que elas podem dar. Até bem pouco tempo quem dissesse que executava ao violão músicas clássicas, provocaria dúvidas. Mas de certo tempo para cá, o estudo do violão como ele deve ser feito está tendo em nós grande desenvolvimento e o mavioso e sentimental instrumento, considerado capadocial reabilitou-se, ou melhor, vem se reabilitando! Dois professores, o Maestro Ernani de Figueiredo e o Dr. Brant Horta, que fizeram uma escola complementar nova, vão deliciar nosso público brevemente com um recital de violão no salão nobre do Jornal do Commercio”. (sic)
Tal concerto foi realizado, de fato, no dia 6 de maio e não seria rigorosamente um concerto de violão, muito embora este instrumento predominasse na programação. Além de Brant Horta e Ernani de Figueiredo, atuou como solista a senhorita Ceo da Camara Parededa Kemps, e também se apresentou uma orquestra de bandolins, bandola e alaúde e violões, em que figurava Quincas Laranjeiras.
De qualquer modo, esse evento foi considerado o marco da reabilitação do violão brasileiro. Nesse concerto, Brant Horta executou em solos de violão as seguintes peças: Liège, marcha descritiva; Ao Luar, barcarola; Bumba meu boi”, batuque, todas de sua autoria; e a Marcha Fúnebre, de Chopin.
No mesmo concerto, a violonista Ceo da Camara executou as valsas Queixumes e Soluços, de Brant Horta, com o autor a acompanha-la ao violão. A orquestra de bandolins, bandola, alaúde e violões interpretou do autor a valsa Tristeza à Beira Mar. Ernani de Figueiredo escreveu uma fantasia sobre a valsa Sertaneja, de Brant Horta, que foi executada pela orquestra e pelos solistas. O duo Ernani de Figueiredo/Brant Horta executou: Fantasia Espanhola; Rêve Apres la Danse; Louis Emma; e Tannhauser, marcha de Wagner.
A impiedosa avaliação negativa feita a esse concerto pelo crítico musical (qual o nome dele?) do Jornal do Commercio, em 7 de maio de 1916, e os elogios feitos pelo mesmo crítico ao recém-chegado violonista paraguaio Agustin Barrios, causaram uma grande indignação entre os cultores do violão, culminando com a polêmica gerada pelo uso das cordas de aço feito por Barrios. [Artigos apaixonados foram escritos sobre o tema e são abordados no verbete Ernani Esmeraldo de Figueiredo].
Guitarrista português
Em dois concertos realizados pelo guitarrista português Salgado do Carmo, participaram Brant Horta, Ernani de Figueiredo e Ceo da Câmara, no dia 26 de maio, no Trianon, e no salão da Associação dos Empregados no Commercio, em 2 de julho.
Dois encontros litero-musicais promovidos pela Aliança Acadêmica, em 9 e 28 de junho, também contaram com a participação do compositor e instrumentista, acompanhado da discípula Ceo da Câmara. No primeiro, realizado no salão nobre da Sociedade Riograndense, interpretaram em duo a valsa Sertaneja, de Horta. No segundo, que contou com a presença do escritor Coelho Neto, o duo executou as valsas Queixumes e Soluços (Horta).
A parceria com Ernani de Figueiredo só foi interrompida com a sua inesperada morte em 26 de fevereiro de 1917. No concerto em benefício da viúva e dos órfãos do maestro, realizado em 6 de julho de 1918, no salão do Jornal do Commercio, Brant Horta se apresentou com Castro Afilhado e Ceo da Câmara, com quem executou a sua valsa Sertaneja e Serenade, de Gounod.
Catulo
Em 20 de março, ocorreu no Teatro Recreio a importante Festa da Canção Regional, tendo como principal convidado o já consagrado poeta Catulo da Paixão Cearense. Foram apresentadas canções dos estados do norte, centro e sul. Os instrumentistas Brant Horta (violão), João Martins (bandolim), Duque Bicalho e A. Andrade apresentaram variações sobre motivos de canções regionais.
Na edição de fevereiro de 1929 da revista O Violão, o compositor e violonista é assim retratado na Galeria de Perfis:
“...Brant, sendo um tipo original, tudo quanto é dele tem esse feitio. Por isso mesmo no violão abandonou o que havia até então e passou a tocar coisas suas, novas, cheias de um sabor especial, caracterizando toda a alma simples do mineiro. Dentro em pouco fez um repertorio extraordinário e sui generis. Seu nome passou a ser acatado como professor e violonista. Brant tem todos os requisitos, dentre os quais sobressai esse: a bondade. E por ser bom, não tem sossego. Por isso mesmo, não tem tempo. Anda sempre afobado, sem descanso, ainda mesmo para dedilhar o nosso querido instrumento para o qual criou uma escola toda sua, especial e sui generis. É interessante registrar o olhar de um homem simples como Alexandre Gonçalves Pinto, de apelido Animal, sobre a obra de Brant Horta, em seu célebre livro “O Choro”: ‘Luto sempre com muita dificuldade ao fazer perfis de celebridades iguais à esta que vou tentar descrever, pois Brant Horta era um pedagogo. Era, porém, apaixonado pela música, tornando-se desse modo um chorão que, abraçado ao violão, percorria os mundos de harmonias com acordes que só ele arrancava, com muita inspiração. Eis tudo o que tenho a dizer deste astro luminoso e emérito professor.” (sic)
Músicas gravadas
O grande prestígio de Brant Horta como poeta e professor impediu que sentisse diretamente o preconceito existente em relação ao violão. Esta condição permitiu que levasse seu instrumento aos salões aristocráticos do Rio de Janeiro sem restrição alguma. Brant Horta pode assim mostrar sua arte e divulgar o violão como instrumento de concerto, através de suas composições elaboradas. Infelizmente não há registro gráfico e fonográfico de sua obra. Apenas duas músicas suas foram gravadas: uma em parceria com Luperce Miranda; a outra com Aloísio de Oliveira e Nestor Amaral. Nestas músicas, provavelmente, Brant Horta atuou também como letrista.
A primeira foi gravada pela Parlophon em 1930, por Almirante, Bando dos Tangarás e Luperce Miranda. A segunda teve gravação nos Estados Unidos, a cargo de Carmen Miranda e do Bando da Lua, em setembro de 1941, e lançada no Brasil em julho de 1942 pela Odeon. Brant Horta morreu no Rio de Janeiro em 26 de março de 1959.
Composições:
Lágrima
Barcarola
Sertaneja
Batuque
Queixumes
Nocturno
Duarte de Abreu
Marieta
Soluços
Floriano Peixoto
Bumba Meu Boi
Liège
Ao Luar
Tristeza à Beira Mar
A obra literária:
Poesia:
Lirae Carmem
Harpa Eolia
Cartões Postais
As Duas Teles
Livro de Jesus
Via Lucis
Livros Didáticos:
Gramatica Histórica
Gramática Intuitiva
Lições de Análise Léxica e Sintática
Análise Literária e Noções de Literatura
Boa Linguagem
Minha Segunda História do Brasil
Outras apresentações:
· Em 23 de maio de 1909 aconteceu a Festa Artística de Brant Horta e J. Paixão, com a colaboração de Euclides Pimentel. Nas músicas apresentadas, Brant Horta foi o solista, executando a Valsa nº1, na qual Euclides Pimentel faz um solo de bandolim. Na primeira parte foram apresentadas as seguintes músicas: D. Carlos, marcha; Valsa nº1; Pomone, Soluços e Gavota, de Henrique Gusmão. Na segunda parte, ocorreu palestra literária de J. Paixão, e, na terceira parte, as músicas: Barcarola, Ária Italiana, Lucia de Lammermoor (Donizetti), Sertaneja, Zé Pereira, Bumba meu Boi e Carnaval de Veneza. Do referido concerto, participaram também Brant Horta, Sebastião Clementino e Cincinato Duque Bicalho.
· Em 14 de outubro de 1917, na festa lítero-musical realizada no salão da Associação dos Empregados no Comercio, Brant Horta executou, de sua autoria, a marcha Liege e a valsa Sertaneja.
· Em 17 de novembro de 1915, Brant Horta se apresentou no Rio com Ceo Paradeda Kemp, Helena Rio Branco e Cyomara Vilela no Pavilhão Mourisco.
· Em 31 de janeiro de1917, Brant Horta e Castro Afilhado participaram no salão nobre do Jornal do Commercio, do festival A Trova em Flor, organizada pelo autor português Doutor Mario Monteiro, com a participação de Coelho Neto, Alberto de Oliveira e Hermes Fontes, entre outros, na parte literária; e Brant Horta e Castro Afilhado, tocando violões, na parte musical.
· O Paiz (Artes e Artistas-23 de março de 1917,pg 4). “Tivemos notícia de uma Festa da Canção Portuguesa, organizada por Costa Carvalho, com as presenças da exímia guitarrista portuguesa Albertina de Oliveira e dos violonistas Brant Horta e João Pernambuco.
· Na festa mensal oferecida aos novos sócios da Associação Cristã de Moços, realizada em 8 de setembro, Brant Horta executou as seguintes músicas de sua autoria: Liège, Sertaneja e Batuque.
· Em evento da mesma natureza, realizado em 3 de abril de 1918 no Teatro Petrópolis, o violonista e compositor executou os mesmos números musicais, e mais a uma marcha de Chopin.
· Em em 2 de agosto de 1918, Brant Horta participou da primeira sessão solene da Associação dos Acadêmicos Mineiros, no salão nobre da Sociedade de Geografia. Na ocasião solou ao violão as seguintes músicas: Liège, Sertaneja, Batuque Mineiro, de sua autoria, e Serenade, de Gounod.
· Em 13 de maio de 1919, participou de um concerto beneficente, no salão do Jornal do Commercio, executando as peças de sua autoria Liège e Sertaneja.
· No dia 24 de 1919, Brant Horta (em solos de violão) participou da homenagem ao escritor chileno Dom Miguel Luiz Rocuant, realizada no salão do Jornal do Commercio.
· Em 14 de julho de 1922, na festa comemorativa do terceiro aniversário da fundação do Ginásio Vera Cruz, Brant Horta participou executando ao violão: Liège; Roda Morena, cateretê; Sertaneja, valsa; e Samba, dança sertaneja.
· Em 15 de julho de 1923, no salão nobre do Instituto Nacional de Música, foi realizado um festival lítero-musical em benefício do Asilo da Legião do Bem. Brant Horta atuou na parte musical junto a nomes como Francisco Chiaffitteli e Newton Pádua.
· Em outro festival litero-musical realizado no salão do Instituto Nacional de Musica, em 28 de junho de 1925, em prol do Abrigo Tereza de Jesus, o compositor e instrumentista mineiro atuou na parte musical, em parceria com Jucira Vitoria e os grupos de canto coral e de guitarra do Orfeão Português. O evento contou com a participação do festejado escritor Coelho Neto.
· Na primeira Feira de Amostras do Distrito Federal, na programação de 2 de julho de 1928, Brant Horta novamente se apresentou executando solos de violão.
Um poema patriótico de Brant Horta, e por ele musicado, intitulado Sê Brasileiro, foi publicado no Jornal do Brasil em 1936.
Trata-se de um poema exaltando o sentimento de brasilidade.
“Se perguntarem, filho, onde
É a terra do teu amor,
Cheio de orgulho, responde:
– Sou brasileiro, senhor.
Não digas — Sou sergipano,
Sou paulista ou sou mineiro,
Pois serás mais soberano,
Dizendo: — Sou brasileiro!”
Poema de Brant Horta para a violonista Josefina Robledo
“Quando nas tuas mãos o violão delira
E sonha como a lira
De Orfeu que comovia a rocha e a fera bruta,
Os teus dedos ideais são como sons diluídos
Em cantos e gemidos
Que tua alma de eleita em gênios bons transmuta.
Como que em cada nota estranha que inebria
Passa toda a poesia
Dos mágicos violões dos menestréis de outrora.
E teus dedos que são como fusos etéreos,
Entre ânsias e mistérios
Vão tecendo de sois uma teia sonora.
As notas divinais que nas cordas produzes
são idílios de luzes
de cores e sons, em trêmulas caricias,
alçando-nos aos céus por estrada opulenta,
onde a alma experimenta
o gozo espiritual de todas as delicias.
E os sons, em vibrações, de teus dedos esguios
se evolam como fios
de sonhos de ouro e de visões, em prece
subindo para o azul em luminosa trama
que nos ares derrama
um perfume sutil que as almas enternece
E ouvindo-te arrancar do místico instrumento
os gritos de lamento,
os júbilos triunfais, ou vozes em segredo.
Nossa alma sente que és em êxtase, em delírio,
uma visão do Empireo,
que na terra se fez Josefina Robledo”.