Por Gilson Antunes
Marcelo Kayath é quase uma lenda viva do violão brasileiro. Após um início promissor como menino prodígio do violão, sagrou-se vencedor no mesmo ano dos dois principais concursos de violão de sua época, o de Paris e o de Toronto. Poucos anos depois, com apenas seis discos gravados, decidiu largar o violão para se tornar executivo do Credit Suisse. Mais atualmente, retomou contato com os violonistas através de mensagens em fóruns de internet e masterclasses eventuais.
Filho de Henry e Elza Kayath, Marcelo nasceu em Belém, no Pará, e por volta de um ano de idade mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde estudou com Leo Soares, Jodacil Damaceno e Turíbio Santos. Mas também possui diploma em engenharia pela UFRJ.
Em 1980, com apenas 16 anos, venceu o segundo prêmio (Prêmio Andrés Segovia) no Concurso Internacional Villa-Lobos no Rio de Janeiro, o que o possibilitou fazer uma turnê por todas as capitais brasileiras. Em 1982 venceu o Concurso Jovens Concertistas concorrendo com 86 outros músicos de vários instrumentos diferentes. Dois anos depois, sagrou-se vencedor dos dois maiores concursos de violão do mundo, o XXVI Paris Concours International de Guitarre e o IV Toronto International Competition. Para a época, foi um feito inédito.
Em 1985 Kayath fez sua primeira turnê pela Europa e Estados Unidos, sempre recebendo críticas entusiásticas. A revista Classical Guitar inglesa e a Guitar International Magazine fizeram entrevistas com Kayath na capa, divulgando ainda mais o violonista para o mundo.
Com o sucesso dos concursos, Kayath começou a dar várias entrevistas para rádios em todo o mundo, especialmente a ORTF (França), BRT (Bélgica), BBC (Inglaterra), RTP (Portugal) e RTE (Espanha). Entre os festivais de que participou estão os de Paris, Sevilla, Liege, Toronto e Havana. Este último pode ser apreciado em parte através de vídeos no youtube.
Em 1986 gravou nada menos que três discos em poucos meses. O primeiro, gravado em apenas dois dias, é tido por muitos como o seu LP mais interessante, com repertório que vai de Turina a Dodgson, tendo gravado também raridades como “...comme um Prélude” de André Jolivet e Prólogo e Toccata de Marlos Nobre, esta última dedicada a Kayath, além de Walton, Krieger, Rodrigo e Brouwer. Em novembro daquele ano gravou o único de seus discos lançados no Brasil, com obras de Villa-Lobos e Garoto, lançado pela Scotch.
Com gosto musical mais voltado ao violão tradicional, suas preferências são especialmente de música latino-americana e espanhola para violão, tendo feito gravações de sucesso com esse repertório.
Sua coleção particular de violões é uma das maiores do mundo, sendo sua especialidade os violões de construção tradicional.
Após ficar afastado vários anos do meio violonístico para trabalhar como empresário de sucesso, Marcelo Kayath há poucos anos retomou o contato com violonistas através de fóruns de internet, o que o fez voltar a dar masterclasses e escrever artigos defendendo o que ele chama de “Violão Orquestra”. Sobre o tema, ele escreveu um artigo para o site Fórum do Violão, que pode ser encontrado na biblioteca do Acervo, clicando aqui.
Discografia:
-The 20th Century Guitar (Hyperion - Fevereiro 1986)
-Latin American Guitar Classics (MCA – Pickwick – Julho 1986)
-Marcelo Kayath (Villa-Lobos e Garoto) (3M/RCA - Novembro 1986)
-Spanish Guitar classics (MCA – Pickwick – Fevereiro 1987)
-Latin American Guitar Classics Vol 2 (MCA – Pickwick – Abril 1990)
-Guitar Favorites – (MCA – Pickwick Março 1991)
Bibliografia:
-Guitar International Magazine (entrevista - fevereiro de 1985)
-Classical Guitar (entrevista - junho de 1986)
-SUMMERFIELD, Maurice J. The Classical Guitar – It´s Evolution, Players and Personalities since 1800. Ashley Mark, 1992